Oferta da Braskem pela Indupa desagrada argentinos

    20/12/2013

    Por Cesar Felício | De Buenos Aires

    Causou mal estar em Buenos Aires a oferta pública de ações feita pela Braskem para fechar o capital da Solvay Indupa, produtora de PVC e soda cáustica com fábricas na Argentina e Brasil adquirida esta semana pela brasileira. O preço de 1,35 pesos argentinos por ação para a compra de 30% do capital da empresa em mãos de minoritários foi considerado baixo. Em dólar pela cotação de ontem, equivale a US$ 0,21. A previsão é de que a oferta tenha adesão pequena.

    “Quando vi o comunicado achei que havia algum problema de digitação e a vírgula estava fora de lugar. A oferta é ridícula. Trata-se da metade do que está no balanço patrimonial; da terça parte da média do valor de mercado das ações nos últimos seis meses e de quatro vezes menos o que se pagou pela ação na última sessão em que o papel foi negociado. É difícil compreender o valor”, disse Ruben Pasquale, operador da Bolsa de Buenos Aires.

    A Solvay Indupa teve a negociação no mercado argentino suspensa na terça-feira, quando divulgou o fato relevante da venda de 70,6% de seu capital para a Braskem. O principal acionista minoritário é o governo argentino, por meio da ANSES, a autarquia pública que administra os recursos dos fundos de pensão estatizados em 2008, que conta com 16,7% do capital. O restante é negociado na Bolsa.

    A oferta pública aos minoritários era obrigatória pela lei argentina, a um preço mínimo igual ao que foi pago para os acionistas do bloco de controle. De acordo com o fato relevante de terça-feira, a transação com os controladores da Indupa, a belga Solvay, foram por US$ 0,085 por ação, estabelecendo um valor patrimonial para a empresa de US$ 290 milhões. Na quarta-feira, a Comissão Nacional de Valores (CNV) interpelou a Indupa para esclarecer quais os critérios que foram utilizados para a determinação do preço e como ele se relacionava com o valor estabelecido para a empresa.

    Procurada pelo Valor, a Braskem afirmou, em nota, que determinou o preço com base nos critérios da legislação argentina para aquisição direta de controle, que pede laudos de dois avaliadores independentes e considera os passivos da empresa. A Braskem disse que o fechamento de capital da Indupa dependerá da adesão dos minoritários à OPA.
    A compra da Indupa será a primeira a ser regida pela nova lei de mercado de capitais na Argentina, que entrou em vigor em setembro. À venda desde fevereiro, os papéis da Indupa sofreram grande valorização na bolsa e estavam com valor de mercado acima do valor patrimonial, em processo acentuado a partir de julho, apesar da empresa ter apresentado déficit em seus últimos balanços.

    O valor na bolsa teria peso mais determinante na oferta obrigatória caso a Braskem tivesse feito a aquisição indireta, comprando a Indupa diretamente da matriz da Solvay, na Bélgica: neste caso, teria de pagar o equivalente à média dos seis últimos meses de cotação.

    No Brasil, a Abiplast, que representa a indústria de transformados plásticos, informou que está em “estado de atenção” quanto às condições de acesso às matérias-primas no país, na esteira da compra da Solvay Indupa. A entidade lembrou que, desde 2010, a Braskem já é responsável por 100% da produção nacional de polietileno e polipropileno. Com a compra da Solvay Indupa, ela será a única produtora brasileira de PVC. (Com Stella Fontes, de São Paulo)

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