Cafezais inovam com uso de plástico e baixam custos

    03/12/2015

    Quando a necessidade de novas tecnologias bate na porteira, a saída mais óbvia é a aplicação de equipamentos de última geração com agricultura de precisão – mas a resposta pode ser mais simples e tão eficiente quanto. A cobertura de filme plástico em cafezais é uma novidade que promete economia de até 28% no uso da água e ganhos de produtividade.

     

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    Foto: DCI

     

    Trata-se do mulching, uma solução já conhecida na agricultura por sua eficiência no controle de ervas daninhas em plantas de ciclo curto, como o hortifrúti. A ideia de estendê-lo a cultivos perenes vem de encontro com o momento econômico do produtor rural, que viu seus custos subirem e precisa enxugar as despesas do processo produtivo.

    “Como fica exposto em períodos longos, de 24 a 36 meses, esse tipo de plástico contém aditivos especiais que protegem a cultura da radiação UV. É dupla face, a parte preta fica em contato com o solo, agindo no controle de ervas daninhas, e a branca ou prata é responsável por refletir a luz”, explica a especialista em Desenvolvimento de Mercado da Braskem, Ana Paiva. Apesar do aditivo, o produto é considerado reciclável.

    Em 2010, a petroquímica começou a testar a aplicação deste plástico em lavouras de laranja na região de Araraquara (SP), pois um de seus benefícios é a retenção de água.
    Para Ana, isso faz toda a diferença em lavouras irrigadas. No caso da citricultura, a especialista conta que a economia no uso da água chegou a 50%.

    Novas possibilidades

    Em parceria com a Electro Plastic e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), entre os anos de 2013 e 2014, especialistas da Braskem foram ao sul de Minas Gerais e ao cerrado mineiro para uma bateria de pesquisas sobre a aplicação da tecnologia no café brasileiro, commodity líder de exportação no mercado global.

    Nos últimos 12 meses, até outubro, o País embarcou mais de 36 milhões de sacas de 60 kg e registrou um faturamento de US$ 6,348 bilhões, segundo a análise mais recente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), tamanha representatividade do grão para a balança comercial.

    “No cerrado há capina [manejo] manual. Considerei o custo do mulching mais o gasto de instalação, versus a despesa deste manejo da erva daninha e as lavouras cobertas tiveram desembolso 38% menor”, lembra Ana.

    A fazenda era irrigada e também foi feito um acompanhamento para medir a intensidade água no solo. O resultado foi uma economia de 20%.

    Nos cafezais do sul de Minas as análises coincidiram com um longo período de estiagem. Inclusive, os efeitos da seca dos últimos anos impactam até hoje nos resultados de produtividade do setor. Segundo o levantamento, as áreas sem mulching produziram cerca de oito sacas por hectare, em contrapartida, as cobertas registraram até 30 sacas por hectare, pela retenção de água.

    “Claro que cada produtor tem seu resultado específico e isso é fruto do seu manejo, mas os benefícios são muito grandes. A aplicação ainda reduziu o nível de replantio da lavoura em 15%”, destaca.

    De acordo com a companhia, a pesquisa concluiu, portanto, que o mulching favorece a redução de recursos. “A partir do segundo ano, a plantação com mulching teve um custo menor em R$ 2.850 por hectare”, afirma a professora da UFU e tutora do Grupo PET Agronomia Monte Carmelo, Gleice Aparecida de Assis.

    Na avaliação do gerente de Contas da Braskem, Cristiano Rolla, a economia financeira tem significativo impacto na gestão do cafezal. “Em suma, a redução nos custos de controle de ervas daninhas e água ficou estabelecida em 38% e 28%, respectivamente”.

    Os plásticos para cobertura na citricultura e no café já estão disponíveis para comercialização. Os próximos passos da empresa miram as frutas, uma delas é o abacaxi.

     

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