Caminhos para o crescimento econômico e resgate da competitividade da indústria

    10/10/2016

    Caminhos para o crescimento econômico e resgate da competitividade da indústria

    Na abertura do evento, realizado na FIESP nos dias 22 e 23 de setembro e que teve como objetivo debater estratégias e possíveis rumos para indústria de transformados plásticos brasileira, José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), discorreu sobre a necessidade de solução para o desequilíbrio fiscal, redução dos juros, adequação do câmbio e reformas essenciais à recuperação econômica e industrial do País. “A economia brasileira atravessa o pior triênio em mais de um século”, salientou o líder empresarial, acentuando que “a queda do PIB, nos anos de 2014/2015/2016, de 6,8%, conseguiu ser mais acentuada do que no período de 1929 a 1931, quando o mundo sofreu uma das maiores crises de toda a história”.

    Para a recuperação da economia, o presidente da ABIPLAST disse que são necessários, prioritariamente, cortes de gasto em curto prazo, regra para o teto das despesas, conforme Proposta de Emenda Constitucional em curso, reforma da previdência e redução dos juros. “Somente com a queda da Selic poderá haver recuperação da atividade econômica e da arrecadação tributária, que é condição fundamental para o ajuste fiscal”, ressaltou, observando: “A adoção dessas providências proporcionaria a confiança necessária para uma queda mais acentuada dos juros, permitindo que a taxa convergisse para um nível compatível com os dos demais países em desenvolvimento”.

    Durante os dois dias do evento houve discussões com especialistas internacionais como o vice – presidente da SPI (Society of Plastics Industry), Michael Taylor e Peter Callais, vice-presidente da Townsend Solutions, que apresentaram um panorama da indústria plástica nos EUA, e discorreram sobre a tendência de investimentos desse setor no mundo. Callais ponderou que a manutenção dos preços do petróleo em patamares como os atuais e incertezas políticas têm causado desaceleração nos investimentos nos EUA, feitos por conta das reservas de xisto, mas ainda assim, esperam-se aumentos de capacidade de produção de mais de 15 milhões de toneladas de matérias-primas plásticas no mundo até 2020, enquanto Taylor reforçou que a indústria plástica norte-americana é importante geradora de emprego e valor adicionado e que tem no xisto vantagem competitiva em termos de acesso a matérias-primas.

    Experiências em tempos de crise

    O seminário foi palco de trocas de experiências com empresas líderes no setor de transformados plásticos como o posicionamento no mercado em tempos de crise e a busca de oportunidades de negócios, bem como a oportunidade de conhecer casos de empresas que conseguiram sair de processos de recuperação judicial e hoje estão mais competitivas.

    Luiz Duarte, diretor de Marketing e Novos Negócios da Bemis, no painel “Gestão e competitividade: Transformação – Ambiente de negócios no Brasil e no Mundo”, salientou que o mercado total de embalagens é de 60 bilhões de toneladas, sendo 25 bilhões de embalagens plásticas. Ele apontou as macrotendências do segmento: envelhecimento populacional, geração Y, facilidade de uso, bem-estar, interatividade e personalização, sustentabilidade e inovação. “Tais rumos forçam a indústria de embalagens a repensar materiais, design e formas de produzir”, acentuou Duarte, apontando os desafios da inovação: conveniência e simplicidade, identidade e estética. Como exemplo, citou embalagens associadas à saúde, a um estilo de vida saudável e aos preceitos da sustentabilidade.

    Já Manoel Flores, diretor superintendente da Astra Indústria e Comércio, expôs sobre o plano consistente de investimento em novos produtos e em marketing, onde ressaltou a necessidade de “entender o mercado de atuação e estar atento às evoluções, trabalhar duro e evoluir para manter-se competitivo e ativo”. Ele apontou ainda, a melhoria do índice de confiança do empresário industrial e da expectativa do consumidor como sinais de que podemos nos recuperar e sairmos fortalecidos da crise.

    Em tempos de crise muitas empresas passam por dificuldades e recorrem à recuperação judicial e o Dr. Luiz Fernando Paiva, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados e mestre em Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, ponderou que as alternativas existentes para o devedor são a negociação individual, a negociação coletiva, a recuperação judicial e a falência. Nesse contexto, “o propósito da recuperação judicial é permitir que o devedor tenha um fluxo de dívida adequado ao de receitas”. Na oportunidade o debate foi enriquecido pela experiência da administradora da empresa Refiate, Sabrina Carvalho. Sua empresa já passou por um processo de recuperação judicial e apesar das dificuldades do processo hoje se encontra em melhores condições para atuar no mercado e que, segundo Sabrina, apesar de o processo ser traumático, ele trouxe valiosos aprendizados e melhorou o processo de relacionamento com fornecedores e clientes.

    Desafios para a indústria do plástico

    Técnicos do IBOPE apresentaram estudo realizado em 2013 sobre a percepção da sociedade quanto aos materiais plásticos. Tal estudo mostrou que a população em geral reconhece as qualidades positivas do material como: leveza, maleabilidade, ser reciclável e reutilizável, responsável por novas tecnologias, porém o estudo também mostra a importância de o setor se comunicar de forma objetiva com a sociedade.

    Complementando essa visão do IBOPE sobre a importância da informação para sociedade, o Prof. Laercio Romeiro da Escola Politécnica da USP palestrou sobre a importância da ferramenta de ACV – Avaliação de ciclo de vida e como essa metodologia permite a análise comparativa do uso de diferentes materiais e como auxilia na divulgação das vantagens do uso do plástico.

    Outro desafio que se descortina para a indústria do plástico é sua adaptação para a “indústria 4.0”. Glauco Arbix, professor titular do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e do Observatório da Inovação do Instituto de Estudos Avançados da USP, ministrou a palestra no painel “A nova manufatura industrial e a retenção de talentos”, e enfatizou: “O que se busca é a implantação de uma nova base industrial, que pode mudar o perfil da economia como conhecemos hoje”.

    O acadêmico salientou que o Brasil perdeu o passo na terceira onda da indústria, na década de 70. Agora, é necessário recuperar o tempo perdido e alcançar o patamar de desenvolvimento do setor, incluindo a chamada manufatura avançada. “Máquinas e tecnologias da informação lideram a configuração da indústria 4.0, na qual os controles da produção e processos serão descentralizados e organizados por meio de sistemas inteligentes”.

    Segundo Arbix, mais do que foco na produção, a nova indústria tende a integrar toda a cadeia de valor. “A manufatura avançada não é formadora de empregos. Setores mais atingidos são a produção, controle de qualidade, manutenção, logística e áreas de planejamento”.

    Para o professor, a verdadeira crise do Brasil é a estagnação da sua produtividade, o que não tem nada a ver com a conjuntura. “Por isso, grandes empresas ainda não estão preparadas para se tornar 4.0. Assim, é essencial articular governo, empresas e universidades para vencermos esses desafios de mudarmos o País”.

    A visão da indústria 4.0 foi apresentada também de forma prática pela diretora de operações Regina Zimmermann da Termotécnica, que salientou como sensores e os conceitos da “indústria 4.0” podem ser utilizados atualmente em uma linha de transformação de plástico e como a adoção de tais tecnologias pode também ser empregada a fim de reter talentos e formar uma equipe engajada.

     Acesse as fotos em: http://plasticosemrevista.com.br/competitividade-2016-fotos/

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