04/06/2025
Produtos plásticos se mostram aliados estratégicos na agenda climática, oferecendo soluções circulares, eficientes e de alta qualidade para a redução de emissões e o uso responsável de resíduos como recursos
No Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) destaca a importância do setor na construção de soluções concretas voltadas à economia circular e ao enfrentamento das mudanças climáticas no Brasil.
A ABIPLAST atua ativamente no apoio à indústria e participa das discussões internacionais sobre o Tratado Global contra a Poluição por Plásticos. A entidade acompanha de perto as negociações no Comitê Intergovernamental de Negociação, defendendo a criação de um instrumento jurídico internacional robusto e vinculante para combater a poluição plástica. Ressalta, ainda, a necessidade de que o documento considere as particularidades regionais de cada país, ofereça condições para uma transição justa e, principalmente, valorize a centralidade da economia circular em contraposição aos modelos lineares.
Nesse contexto, a ABIPLAST desenvolve soluções como o Recircula Brasil, programa de rastreabilidade do plástico e de certificação de conteúdo reciclado que permite monitorar o ciclo do material desde a comercialização do resíduo, até a sua reinserção no mercado integrando novos produtos, garantindo a circularidade. Até o momento, foram rastreados 304 fornecedores de resíduos ou resina plástica com conteúdo reciclado, localizados em 11 estados brasileiros. Da massa total de entrada de material, 62,5% são provenientes do comércio atacadista, 14,8% da indústria de transformação e 4,3% das cooperativas.
O Recircula Brasil também oferece dois selos inovadores: o Selo de Conteúdo Reciclado, voltado para marcas e indústrias que utilizam plástico reciclado em seus produtos; e o Selo de Rastreabilidade, direcionado a empresas recicladoras e transformadoras que desejam assegurar a rastreabilidade aos seus clientes. “A rastreabilidade é um dos principais desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades para o fortalecimento da circularidade do plástico no Brasil. O Recircula Brasil representa um avanço concreto nesse sentido, promovendo transparência, formalização e segurança jurídica para toda a cadeia produtiva”, afirma Paulo Teixeira, presidente executivo da ABIPLAST.
Outra iniciativa de destaque é a Rede Pela Circularidade do Plástico, que atua como referência na promoção da circularidade do plástico no Brasil, articulando projetos voltados à geração de conhecimento, padronização e fortalecimento da cadeia, com o objetivo de ampliar a reciclabilidade e a disponibilidade de materiais recicláveis. A Rede reúne mais de 60 organizações representando todos os elos da cadeia — de petroquímicas a recicladores, passando por indústrias de transformação, bens de consumo, varejistas, cooperativas e gestores de resíduos.
Entre os projetos desenvolvidos, está o RETORNA 2.0, ferramenta online gratuita que avalia o índice de reciclabilidade de embalagens plásticas. Em 2024, foram realizadas 1.095 análises, com a participação de 515 usuários cadastrados, representando 299 empresas. Outro destaque é o Circularize, que busca estreitar laços comerciais entre cooperativas e recicladoras, oferecendo guias técnicos para otimizar a entrega de matéria-prima triada e padronizar a sucata plástica, agregando valor e facilitando sua comercialização. Já o CirculaFlex, voltado para o fortalecimento da logística reversa de resíduos de embalagens flexíveis, une cooperativas e recicladores para aumentar o volume reciclado desse material, contando atualmente com 22 recicladores e 54 cooperativas participantes.
Nos municípios, a Rede apoia projetos no litoral de São Paulo desde 2022, como o Recicla Praia Grande, o Recicla Guarujá e o Recicla Bertioga. As ações incluem capacitação de cooperativas, educação ambiental e ampliação da coleta seletiva. Juntas, essas iniciativas já viabilizaram a triagem e reciclagem de mais de 170 toneladas de plástico.
O Movimento Plástico Transforma tem como missão conscientizar a população sobre o uso responsável do plástico. A iniciativa promove ações educativas como na Corrida Internacional de São Silvestre, onde, em quatro edições, foram coletados mais de 635 mil copos plásticos, posteriormente transformados em lixeiras, mesas, cadeiras infantis e materiais escolares doados a redes públicas de ensino em estados como São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Outras ações incluem mutirões de limpeza em praias, o PlastColab, espaço itinerante que já passou por cidades como São Paulo, Brasília, Salvador e Porto Alegre, além da Estação Plástico Transforma, no parque infantil KidZania, e o espaço Economia Circular do Plástico, no Museu Catavento, ambos com experiências educativas voltadas ao público jovem.
As soluções e inovações desenvolvidas pelo setor são essenciais para garantir infraestrutura eficiente e durável em diversas frentes. No saneamento básico, por exemplo, tubos e conexões plásticas são determinantes para a expansão dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, sobretudo em regiões remotas, possibilitando que milhões de brasileiros tenham acesso a condições básicas de saúde e dignidade, ao mesmo tempo em que se promove a preservação dos recursos hídricos e a redução de doenças.
A indústria do plástico também contribui para a transição energética, ao fornecer materiais indispensáveis para uma infraestrutura leve e segura. Em biodigestores e usinas de biogás, dutos plásticos são fundamentais para o transporte seguro dos gases oriundos da decomposição de resíduos orgânicos, transformando-os em energia e evitando a liberação de metano na atmosfera — um dos gases de efeito estufa mais potentes, com alto impacto sobre o aquecimento global.
Além disso, a cadeia produtiva da reciclagem de plásticos é fundamental na mitigação das mudanças climáticas. A reciclagem reduz a quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários, diminui a necessidade de extração de novas matérias-primas e contribui para a redução das emissões associadas a esses processos. Cada tonelada de plástico reciclado representa uma significativa economia de emissões, fortalecendo a economia circular e a sustentabilidade das cadeias produtivas.
Na agricultura regenerativa e em projetos de reflorestamento, o plástico também tem presença relevante, seja como componente de sistemas de irrigação que otimizam o uso da água, seja em embalagens de mudas e sementes que viabilizam a recuperação de áreas degradadas com menos desperdício, menor custo e maior escala. Da mesma forma, a indústria tem contribuído para a recuperação da biodiversidade marinha, como demonstram projetos ambientais desenvolvidos no litoral brasileiro que utilizam estruturas plásticas para estimular a regeneração de corais e a formação de recifes artificiais. Um exemplo emblemático é o premiado projeto na Baía de Todos-os-Santos, na Bahia, que promove a restauração da biodiversidade costeira e o equilíbrio ecológico.
COP-30
O Brasil terá protagonismo global em 2025, ao sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém do Pará. Esse será o momento em que o mundo estará atento às propostas e compromissos que definirão os rumos da descarbonização da economia e da gestão responsável de recursos naturais.
Diante desse cenário, a indústria brasileira do plástico se posiciona como um setor estratégico para o desenvolvimento sustentável. “A indústria do plástico é parte da solução para os desafios climáticos. Por meio da inovação, da circularidade e do compromisso com práticas alinhadas aos critérios ESG, o setor contribui efetivamente para a redução de emissões, a conservação de recursos naturais e o bem-estar da sociedade. O Brasil terá destaque na COP-30, e nós, enquanto indústria, reafirmamos nossa disposição em colaborar ativamente na construção de um futuro mais sustentável e resiliente. Por isso, a ABIPLAST seguirá liderando iniciativas que impulsionam a competitividade, a inovação e a sustentabilidade da indústria do plástico brasileira, em consonância com as metas climáticas que o país se compromete a perseguir nos fóruns internacionais”, conclui Paulo Teixeira.