ÍNDICE DE RECICLAGEM MECÂNICA DE PLÁSTICO NO BRASIL ATINGE 25,6% EM 2022, REVELA ESTUDO DO PICPLAST

    14/11/2023

    Desempenho representa o maior crescimento na produção de resina reciclada desde 2018

    Os resíduos plásticos descartados pela população, tais como embalagens diversas para alimentos e bebidas e outros itens domésticos, servem como fonte de matéria-prima para a reciclagem mecânica de plástico pós-consumo. O processo estabelecido pela cadeia da reciclagem de plásticos tem como objetivo a diminuição do desperdício, a conservação de recursos naturais e a economia circular, em que os materiais devem permanecer o maior tempo possível no ciclo produtivo antes da disposição final ambientalmente adequada.

    O Índice de Reciclagem Mecânica de Plásticos Pós-consumo no Brasil, divulgado pelo PICPlast (Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico), iniciativa criada pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e pela Braskem, em parceria com a MaxiQuim, destaca um marco significativo. O estudo revela que a reciclagem mecânica de plástico pós-consumo atingiu a marca de 25,6% em 2022, registrando o maior crescimento desde 2018.

    A pesquisa mostra a origem dos resíduos plásticos destinados à reciclagem, com um total de 1.722 mil toneladas, distribuídas da seguinte forma: 29% de fontes comerciais de resíduos (sucateiros), 24% provenientes de indústrias (aparas industriais), 19% de beneficiadores (recicladores menores), 13% de empresas de gestão de resíduos (incluindo logística reversa), 11% de cooperativas, 2% provenientes diretamente das fontes geradoras e 1% de catadores e aterros.

    O estudo também destaca um crescimento expressivo desde 2018, com um aumento de 46% no volume e um incremento de 42,6% no faturamento por tonelada produzida, atingindo a marca de R$ 3.128. A produção pós-consumo alcançou um recorde de R$ 1,1 milhão de toneladas, um aumento de 9% em relação a 2021.

    Ao analisar o gráfico referente aos segmentos de higiene pessoal, cosméticos, limpeza doméstica e bebidas, observa-se que esses setores foram os que mais utilizaram plástico reciclado em seus produtos, seguidos por construção civil, agroindústria, têxtil, automotivo, entre outros, chegando no total de 1.106 mil toneladas. Essa tendência está alinhada com os objetivos anunciados por grandes marcas, como Natura, Unilever e Coca-Cola de se comprometerem voluntariamente com o aumento significativo do uso de plástico reciclado em suas embalagens, seguindo as diretrizes globais de reciclagem.

    No entanto, no Brasil ainda há a necessidade de avanços no que diz respeito ao conteúdo reciclado relacionado a alimentos e bebidas. Além do PET, que possui a aprovação da Anvisa para uso nesses segmentos, é importante permitir a incorporação de materiais como PE e PP reciclados.

    O estudo mostrou que o PEAD possui um bom índice de reciclagem de 31,2% e, em torno de 50.000 toneladas do material reciclado foram empregadas para fabricação de produtos da construção civil como mangueiras corrugadas, tubulações e conexões, seguidos por aproximadamente 45.000t empregadas em produtos para higiene pessoal e limpeza doméstica e 43.000t em produtos para a agroindústria como lonas, embalagens para defensivos agrícolas e mangueiras de irrigação.

    O EPS também apresentou um bom índice de reciclagem em 2022, 33,8% e 75% do EPS reciclado foram empregados na fabricação de produtos para construção civil como molduras e rodapés, telhas, lajes, lajotas e perfis diversos, representando um pouco mais de 11.000 toneladas.

     

    Iniciativas de incentivo à reciclagem
    A reciclagem e o uso de conteúdo reciclado são fundamentais para preservar o meio ambiente e garantir um futuro sustentável. Ao incentivar essas práticas, estamos contribuindo para a redução do consumo de recursos naturais, a diminuição da geração de resíduos e a mitigação dos impactos ambientais causados pela produção de novos materiais.

    Sob essa ótica, a Rede pela Circularidade do Plástico, criada pela ABIPLAST, atualmente reúne cerca de 66 empresas de todos os setores da cadeia de valor do plástico: Petroquímicas, Químicas, Aditivos e Distribuidores, Transformadores, Indústrias de Bens de Consumo, Rede de varejo, Cooperativas, Gestores de Resíduos, Recicladores e Consumidor. Seu principal objetivo é promover a Economia Circular do Plástico. Um dos projetos de destaque é o Circula Flex, que fortalece a Logística Reversa de Embalagens Flexíveis, homologando recicladores e conectando-os com cooperativas encarregadas da triagem do material.
    Recentemente, a Associação, em parceria com a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a Central de Custódia, lançou a plataforma Recircula Brasil, com o objetivo de rastrear os resíduos plásticos desde sua origem até sua reinserção como matéria-prima na fabricação de novos produtos. Considerada pioneira no setor, a plataforma é fundamental para a promoção da reciclagem e na redução da poluição.

    Metas em países europeus
    Segundo o estudo da Plastics – The Facts 2022, até 2025, cerca de 25% do conteúdo das garrafas PET da Europa devem ser reciclados, com um aumento proposto de 30% até 2030. Além disso, o continente visa alcançar uma taxa de 50-65% de reciclagem de embalagens plásticas até 2040.

    O estudo da Plastics revela ainda que, em 2020, a Europa destinou 42% dos resíduos plásticos pós-consumo para a recuperação energética. Em 2021, cerca de 5,5 milhões de toneladas de plásticos reciclados pós-consumo foram reintroduzidos na economia da União Europeia (UE), um aumento de cerca de 20% em relação a 2020. A diferença nos índices de reciclagem pode ser atribuída a diversos fatores. Além da falta de infraestrutura adequada para coleta seletiva e processamento dos resíduos, há também uma questão cultural e educacional que influencia as práticas de descarte da população.

    No entanto, o Brasil precisa avançar em relação à regulamentação e metas para a recuperação energética de resíduos não recicláveis e adotar práticas de países como Holanda, Luxemburgo e Áustria. Essa abordagem envolve a utilização da energia gerada a partir do tratamento de resíduos sólidos e a promoção do conceito de “aterro zero”, visando minimizar o envio de resíduos para aterros sanitários em favor da reciclagem e compostagem.

    Ações internacionais
    Ainda nesse mês, o Quênia sediará a terceira sessão da Conferência Intergovernamental das Nações Unidas sobre Poluição Plástica (INC-3). Para a ABIPLAST, este encontro é de extrema importância, uma vez que as discussões em torno do Tratado Global de Combate à Poluição Plástica, que afeta o Brasil e outros países signatários, podem ter um impacto significativo nas políticas nacionais relacionadas à gestão de resíduos plásticos, metas de reciclagem, proibição de itens plásticos de uso único e outras medidas destinadas a reduzir a poluição plástica em todas as suas formas. Segundo a ABIPLAST, é fundamental que os representantes brasileiros participem ativamente das discussões e estejam engajados na busca por soluções equilibradas que considerem as especificidades do país, levando em conta sua diversidade socioeconômica e ambiental.

    Sobre o PICPlast
    O Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast) é uma iniciativa criada em 2013 pela Braskem, maior produtora de resinas das Américas, e ABIPLAST, Associação Brasileira da Indústria do Plástico, que prevê o desenvolvimento de programas estruturais que contribuam com a competitividade e o crescimento da transformação e reciclagem plástica. Baseado em dois pilares: aumento da competitividade e inovação do setor de transformação, e promoção das vantagens do plástico, o PICPlast também conta com investimentos voltados ao reforço na qualificação profissional e na gestão empresarial.
    No pilar de vantagens do plástico, as frentes de trabalho são voltadas para reciclagem, estudos técnicos, educação e comunicação, com destaque para o Movimento Plástico Transforma. Para saber mais, acesse www.picplast.com.br e http://www.plasticotransforma.com.br.

    Sobre a ABIPLAST
    A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) representa o setor de transformados plásticos e reciclagem desde 1967, atuando para aumentar a competitividade da indústria. Para isso, realiza ações que promovem novas tecnologias, novos processos, pesquisa de produtos com foco na sustentabilidade, entre outras. Há anos, a concreta implementação da economia circular na cadeia produtiva está no topo das prioridades da ABIPLAST. A entidade, referência no tema, desenvolve juntamente com seus associados ações que preparem os setores para a atual realidade que se delineia, avançando em direção a resultados efetivos. A ABIPLAST representa atualmente cerca de 12,6 mil empresas que empregam cerca de 360 mil pessoas.

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