ABIPLAST PROMOVE EVENTO OFICIAL EM PARALELO AO FÓRUM MUNDIAL DE ECONOMIA CIRCULAR E APRESENTA NOVA FASE DO RECIRCULA BRASIL

    13/05/2025

    ABDI, ABIPLAST e Central de Custódia apresentam soluções concretas para impulsionar a economia circular no setor plástico

    A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) reforçaram sua parceria para a ampliação do Recircula Brasil. O lançamento da nova fase do projeto ocorreu durante o evento Circularidade e Inovação: o Futuro do Conteúdo Reciclado em Produtos Plásticos, realizado como evento paralelo oficial do World Circular Economy Forum (WCEF), em São Paulo (SP).

    O encontro teve como objetivo apresentar os avanços da plataforma tecnológica de rastreabilidade do plástico, desenvolvida pelas duas entidades, além de lançar suas novas soluções: o Selo de Rastreabilidade e o Selo de Conteúdo Reciclado. A tecnologia permite monitorar o ciclo dos resíduos plásticos desde a sua origem até a reintrodução na cadeia produtiva como novos produtos, promovendo uma economia circular mais eficiente, transparente e confiável.

    A operação e verificação da plataforma estão sob responsabilidade da Central de Custódia, primeira entidade homologada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima como verificadora dos resultados de logística reversa no país.

    A programação contou com dois painéis temáticos e foi mediada por Fabrício Soler, advogado especializado em Direito Ambiental, sócio da S2F Partners e consultor da ONU.

    O primeiro painel, Desafios Regulatórios e Oportunidades para a Circularidade do Plástico, reuniu representantes do governo federal para discutir metas regulatórias, o Tratado Global contra a Poluição por Plásticos, o novo decreto de logística reversa de embalagens plásticas, entre outros temas relevantes.

    A Embaixadora Maria Angélica Ikeda, diretora do departamento de Meio Ambiente do MRE destacou a importância de que metas relacionadas ao conteúdo reciclado sejam definidas nacionalmente, respeitando as diferentes capacidades e realidades de cada país. Segundo ela, o Brasil apoia medidas que promovam a circularidade, mas defende uma abordagem equilibrada e adaptada ao contexto local, evitando a importação cega de legislações estrangeiras.

    Maria Angélica também reforçou que o tratado global contra a poluição plástica precisa assegurar uma transição justa e inclusiva. “Não podemos adotar compromissos que, na prática, sejam inviáveis ou que deixem setores produtivos e trabalhadores para trás”, afirmou.

    Lucas Ramalho, diretor do departamento de novas economias do MDIC, ressaltou que soluções como a plataforma Recircula Brasil são fundamentais para posicionar o país em mercados internacionais cada vez mais exigentes. “O Brasil terá vantagens concretas e mensuráveis ao adotar instrumentos como os selos de rastreabilidade e conteúdo reciclado, que dialogam diretamente com outras iniciativas em curso, como o Selo Verde. Essas certificações socioambientais ajudam a destacar a indústria nacional com sua baixa pegada de carbono e alto valor agregado”, afirmou.

    Ramalho disse ainda que a reindustrialização está em curso e que políticas ambientais podem ser alavancas para esse movimento. “O Brasil foi um dos países que mais perdeu indústria nas últimas décadas, mas conseguimos iniciar uma reversão nesse cenário. Atrair indústrias de volta, investir em tecnologia e inovação, e promover empregos qualificados são caminhos para fortalecer a economia brasileira e ampliar sua relevância no contexto das disputas geopolíticas globais.”

    Para Perpétua Almeida, diretora de sustentabilidade da ABDI, o reconhecimento internacional da plataforma Recircula Brasil, destaca sua inovação e relevância para a competitividade da indústria nacional. “Como não destacar o Recircula? A plataforma recebeu menção honrosa da ONU como a única até agora reconhecida por comprovar a circularidade do plástico a partir de notas fiscais. Isso é inovador e fantástico”, afirmou.

    Segundo Perpétua, a iniciativa é estratégica para impulsionar uma indústria brasileira mais competitiva e alinhada com os desafios ambientais. “Nosso grande desafio é fazer com que a indústria nacional cresça de forma sustentável. O Recircula nos ajuda justamente nisso — a disputar mercados e pensar em todos os setores com foco em reduzir o impacto ambiental”.

    O secretário nacional de Meio Ambiente, Adalberto Maluf, argumenta que o Recircula Brasil tem potencial de ser o principal sistema de rastreabilidade do Governo Federal em alguns anos. “O próximo passo seria ter essa plataforma nacional de prestação de contas da logística, que inclui todos os dados e atores para garantir que a gente tenha em um único portal dados para prestação de contas para as indústrias e, ao mesmo tempo, maior garantia para o poder público”, afirmou.

    Na segunda mesa de debates, Rastreabilidade e Inovação: Caminhos para a Expansão do Uso de Conteúdo Reciclado com o Recircula Brasil, foram apresentadas as soluções tecnológicas e operacionais da plataforma, além dos impactos já observados por recicladores e transformadores.

    Para Paulo Teixeira, presidente executivo da ABIPLAST, o Selo de Rastreabilidade e o Selo de Conteúdo Reciclado ajudam as empresas a fortalecerem suas estratégias ESG e de circularidade. “Com essa iniciativa, o setor se antecipa à regulamentação nacional sobre metas de utilização de conteúdo reciclado, estimulando toda a cadeia de valor da reciclagem. Isso cria um ambiente que garante o acesso a informações confiáveis sobre a cadeia de fornecimento, proporcionando compliance e segurança jurídica para acesso a investimentos e mercados externos, além de agregar valor à resina e aos produtos reciclados. Além disso, os dados agregados são estratégicos para o setor, auxiliando na definição de investimentos e políticas públicas”, afirma.

    A plataforma conta com o desenvolvimento, operação e verificação da Central de Custódia, primeira verificadora de resultados de logística reversa homologada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima no país. “A verificação dos dados realizada pela Central de Custódia garante que todas as informações validadas na plataforma Recircula Brasil sejam lastreadas em documentos fiscais oficiais, como as Notas Fiscais Eletrônicas, o que assegura total rastreabilidade da origem e do destino dos materiais reciclados. Isso significa que as empresas usuárias da plataforma podem comprovar, de forma transparente e auditável, o conteúdo reciclado presente em seus produtos. Esse modelo de verificação independente, conduzido por uma terceira parte com expertise técnica reconhecida, posiciona o Brasil na vanguarda global da economia circular e oferece um diferencial competitivo real às empresas sérias, separando-as de práticas de greenwashing que, infelizmente, ainda são comuns no mercado”, comenta o CEO da Central de Custódia, Fernando Bernardes.

    Por fim, Ricardo Hajaj, diretor executivo da Cimflex e coordenador da Câmara Nacional dos Recicladores de Materiais Plásticos da ABIPLAST, contou a trajetória que levou à criação do “Recircula Brasil” como resposta à necessidade de comprovação da circularidade e do conteúdo reciclado em produtos plásticos. “Após anos buscando formas de evidenciar a origem e o reaproveitamento dos materiais, nasceu o Recircula, uma plataforma que hoje comprova com base em notas fiscais a efetiva circularidade do plástico. Esse é um divisor de águas para a rastreabilidade da nossa cadeia produtiva.”

    Pioneira na iniciativa, a Cimflex foi uma das primeiras indústrias a aderir ao Recircula. “Desde o início, já inserimos mais de 8 mil toneladas na plataforma, com 10 fornecedores e mais de 160 clientes mapeados. A ferramenta permite acompanhar, em detalhes, toda a jornada do material, do gerador até o produto final”.

    Hajaj também alertou para a necessidade de estímulos concretos ao uso do reciclado, além da coleta: “Não adianta coletar se não houver demanda no fim da cadeia. É preciso que haja mercado. Empresas com compromissos ambientais voluntários estão puxando essa transformação, mas é essencial garantir previsibilidade e políticas públicas eficazes. Em países da Europa, já se paga taxas por tonelada de material que não utiliza plástico reciclado em sua composição.”.

    Avanços do Recircula Brasil

    Até o momento, a plataforma Recircula Brasil já rastreou 304 fornecedores de resíduos ou resinas plásticas com conteúdo reciclado, localizados em 11 estados brasileiros — com destaque para Santa Catarina (SC), Rio Grande do Sul (RS), Paraná (PR) e São Paulo (SP). Da massa total de material inserido no sistema, 62,5% é proveniente do comércio atacadista, 14,8% da indústria de transformação e 4,3% de cooperativas.

    A ferramenta também já mapeou cerca de 1,5 mil clientes das empresas usuárias, distribuídos em 20 estados. Em termos de destino do material reciclado, o setor alimentício lidera, com 42,3% da massa de saída, seguido pelo setor industrial (41,1%) e moveleiro (8,8%).

    Nesta nova fase, as instituições apresentam dois selos inovadores: o Selo de Conteúdo Reciclado, voltado para marcas e indústrias que utilizam plástico reciclado em seus produtos, e o Selo de Rastreabilidade, direcionado a empresas recicladoras e transformadoras de plástico que querem oferecer a rastreabilidade de seus produtos aos seus clientes.

    O Selo de Conteúdo Reciclado informa a porcentagem de plástico reciclado presente nos produtos, o que permite às empresas destacarem seu compromisso com a sustentabilidade. Dessa forma, além de agregar valor à marca, ele fortalece a reputação das empresas junto aos consumidores e outras partes interessadas.

    Já o Selo de Rastreabilidade garante ao mercado que as empresas participantes rastreiam, por meio da Plataforma Recircula Brasil, a origem dos materiais plásticos – como resíduos ou resina com conteúdo reciclado – e o destino desses materiais. Essa prática assegura maior transparência na cadeia de fornecimento e facilita o acompanhamento do fluxo de materiais recicláveis e reciclados gerando valor adicionado aos resíduos, na medida em que traz compliance e segurança jurídica à cadeia produtiva.

    Os dois selos são validados por auditorias independentes e possuem as operações lastreadas pela plataforma, o que garante a rastreabilidade da cadeia produtiva e a veracidade das informações divulgadas, inibindo práticas de greenwashing.

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