26/05/2025
Ao longo dos anos, Associação liderou o debate pela economia circular e sustentabilidade, reafirmando seu compromisso com a inovação e competitividade
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) celebra 58 anos de uma trajetória dedicada ao fortalecimento das indústrias de transformação e reciclagem de plásticos no Brasil. Fundada em 1967 por 16 empresários visionários, a ABIPLAST surgiu com o propósito de representar, articular e defender os interesses da nascente indústria brasileira de plástico. Criada em um momento de mudanças políticas e econômicas no país, a Associação rapidamente se consolidou como porta-voz nacional do setor, contribuindo para a integração da cadeia produtiva, o fortalecimento institucional e o desenvolvimento técnico e econômico da indústria.
Desde então, a Associação tem acompanhado momentos-chave da história industrial do Brasil, como a expansão da petroquímica nos anos 1970, o fortalecimento da indústria nacional de transformação, a abertura comercial nos anos 1990 e a modernização tecnológica nas últimas décadas. A indústria de reciclagem de plástico no Brasil tem suas raízes nas décadas de 1980 e 1990, quando começaram a surgir os primeiros esforços para transformar resíduos plásticos em novos produtos. Nesse período, a produção e o consumo de plásticos aumentaram significativamente, e embalagens plásticas, como as garrafas PET, passaram a substituir materiais tradicionais como o vidro, impulsionando novas demandas e desafios para o setor.
Nos anos mais recentes, sob a presidência de José Ricardo Roriz Coelho, a ABIPLAST ganhou protagonismo em temas como política industrial, desenvolvimento sustentável e competitividade. Roriz liderou iniciativas estruturantes, como o PICPlast – Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico e o reposicionamento institucional da entidade, além de fortalecer o diálogo com o governo, ampliar a atuação internacional e promover o conceito de economia circular. A trajetória da associação reflete o compromisso com a competitividade, a inovação e a sustentabilidade da indústria. “Atuamos como ponte entre os anseios do setor e os desafios do país, com foco em fortalecer a cadeia produtiva e gerar valor para a sociedade”, ressalta o presidente dos Conselhos da ABIPLAST e do Sindicato da Indústria de Material Plástico, Transformação e Reciclagem de Material Plástico do Estado de São Paulo.
Protagonismo no desenvolvimento do setor
No Brasil, a indústria do plástico projeta um investimento médio anual de R$ 10,5 bilhões, impulsionado por expansões fabris, desenvolvimento de embalagens sustentáveis — para atender tanto legislações quanto padrões internacionais —, novas tecnologias de reciclagem e aprimoramento da logística reversa. Só nos dois primeiros meses de 2025, o setor já registrou um investimento de R$ 1,7 bilhão. A expectativa é de que o total investido entre 2025 e 2027 chegue a R$ 31,7 bilhões.
Além disso, a capacidade de recuperação de resíduos deve crescer 36% até 2026, apoiada por aportes nas reciclagens mecânica e química, bem como pelo fortalecimento de sistemas de logística reversa.
Com mais de 14 mil empresas de transformação e reciclagem, o setor emprega cerca de 379 mil profissionais e lidera entre os cinco maiores setores industriais com os melhores salários médios. “Mais do que gerar empregos e movimentar a economia, essa indústria agrega valor. A cada unidade de matéria-prima utilizada, conseguimos multiplicar seu valor, em média, por dez vezes”, afirma Roriz.
Apesar dos desafios, os últimos anos foram marcados por avanços importantes, como a implementação da Nova Indústria Brasil (NIB), que prevê mais de R$ 506 bilhões em estímulos, e a aprovação da depreciação acelerada, que deve contribuir para o fluxo de caixa de novos projetos. “É essencial que essas ações tenham impacto real na produtividade e que a NIB se torne um verdadeiro ‘Plano Safra’ para a indústria”, ressalta Roriz.
Compromisso com a sustentabilidade
Nos últimos anos, a ABIPLAST tem liderado iniciativas estruturantes voltadas à economia circular, como a plataforma Recircula Brasil, que promove a rastreabilidade dos resíduos plásticos desde sua origem até a reintrodução no mercado como novos produtos.
Até o momento, foram rastreados 304 fornecedores de resíduos ou resina PCR, localizados em 11 estados, com destaque para SC, RS, PR e SP. A maior parte do material (62,5%) é proveniente do comércio atacadista, seguido da indústria de transformação (14,8%) e cooperativas (4,3%). A plataforma também mapeou cerca de 1,5 mil clientes das usuárias em 20 estados. Em massa de saída, os principais destinos são: setor alimentício (42,3%), industrial (41,1%) e moveleiro (8,8%).
Destaca-se também a criação da Câmara Nacional dos Recicladores de Materiais Plásticos, que nasceu com o objetivo de representar os interesses das indústrias recicladoras e promover a valorização da reciclagem no Brasil. A Câmara foi pioneira ao reunir recicladores de diferentes portes e regiões, criando um espaço permanente de diálogo, troca de experiências e articulação com o poder público e outros elos da cadeia produtiva. Ao longo dos anos, tornou-se ponto central na defesa de políticas públicas favoráveis à reciclagem, na promoção da rastreabilidade dos resíduos e na construção de normas técnicas que conferem mais qualidade e confiabilidade aos materiais reciclados. Sua atuação tem sido essencial para consolidar a reciclagem como atividade industrial estratégica, contribuindo para o fortalecimento da economia circular e para a geração de empregos verdes no país.
“A criação da Câmara dos Recicladores é muito importante — é uma das 11 câmaras da ABIPLAST, com apoio jurídico, institucional e de mídia, essencial para unir os recicladores e fomentar políticas públicas. Com ela, temos defendido nossos pontos de vista e desenvolvido vários projetos que hoje estão implementados e dando resultado. Criamos o selo de reconhecimento para empresas que atuam dentro dos parâmetros legais, num mercado antes muito informal. Hoje temos empresa, produto e processo. Ajudamos a fundar a Rede pela Circularidade do Plástico, apoiamos o Recircula Brasil e fomos precursores do convênio com a ABDI, garantindo rastreabilidade e comprovação de conteúdo reciclado com validação das notas fiscais pela Receita Federal”, conta Ricardo Hajaj, coordenador da Câmara Nacional dos Recicladores de Materiais Plásticos.
Em abril de 2025, a Rede pela Circularidade do Plástico também completou sete anos, reunindo mais de 60 organizações de toda a cadeia produtiva, de petroquímicas a recicladores, incluindo indústrias de bens de consumo, varejistas e cooperativas.
A Rede também apoiou iniciativas locais, como o Recicla Praia Grande e o Recicla Guarujá com foco em capacitação, educação ambiental e aumento da coleta seletiva. Juntas, essas ações destinaram mais de 170 toneladas de plástico à reciclagem.
Entre suas principais entregas estão o Retorna 2.0, ferramenta gratuita para avaliação da reciclabilidade de embalagens com 1.095 análises em 2024, e o Circularize, portal que conecta cooperativas e recicladoras com guias técnicos de padronização. Outro destaque é o CirculaFlex, voltado ao fortalecimento da logística reversa de resíduos de embalagens flexíveis, que já envolve 22 recicladores e 54 cooperativas.
Criado em 2016, o Movimento Plástico Transforma tem como missão conscientizar a população sobre o uso responsável do plástico, destacando seu potencial de transformação quando aliado à tecnologia, criatividade e responsabilidade. A iniciativa promove ações educativas em diversos formatos impactando milhares de pessoas em todo o país. Uma das frentes mais reconhecidas é a participação em eventos esportivos, como a Corrida Internacional de São Silvestre e a Meia Maratona Internacional de São Paulo, nas quais o Movimento promove a coleta e reciclagem de copos plásticos, transformando-os em produtos úteis que retornam à sociedade.
Em quatro edições da São Silvestre, foram coletados mais de 635 mil copos plásticos, transformados em lixeiras, mesas, cadeiras infantis e materiais escolares doados para redes públicas de ensino em estados como São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Em 2023, a ação recolheu 175 mil copos, que deram origem a 1.790 estojos e 990 pastas, doados a escolas de Triunfo (RS), cidade fortemente afetada por enchentes. Neste ano, pela primeira vez, a iniciativa foi levada também à Meia Maratona Internacional de São Paulo, tendo recolhido cerca de 115 mil copos. Essas ações demonstram como o descarte correto de resíduos pode promover a economia circular e gerar benefícios concretos para comunidades.
Outras iniciativas incluem mutirões de limpeza em praias, o PlastColab, espaço itinerante que passou por cidades como São Paulo, Brasília, Salvador e Porto Alegre com foco em inovação e criatividade, além da Estação Plástico Transforma, no parque infantil KidZania, e o espaço Economia Circular do Plástico, no Museu Catavento, ambos com experiências educativas voltadas para o público jovem. Além disso, o Movimento também desenvolve ações de conteúdo para suas plataformas e redes sociais, ampliando o alcance da mensagem sobre o uso responsável e os benefícios do plástico.
A ABIPLAST também tem atuado ativamente no apoio ao setor, participando das discussões internacionais sobre o Tratado Global contra a Poluição por Plásticos. A Associação tem acompanhado de perto as negociações no Comitê Intergovernamental de Negociação, defendendo a criação de um instrumento jurídico internacional robusto e vinculativo para combater a poluição plástica, destacando a importância de que o documento leve em consideração as particularidades regionais de cada país.
Espaços de diálogo e inovação
A ABIPLAST também se destaca pela promoção de eventos estratégicos. A 4ª edição da Feira Plástico Brasil, maior feira de soluções para a indústria do plástico na América Latina, reuniu mais de 55 mil visitantes e contou com forte presença nacional e internacional. A feira foi palco para o lançamento de projetos, apresentação de novas matérias-primas, modernização de maquinários e soluções de reciclagem.
“No Brasil, o setor fatura mais de R$ 130 bilhões por ano e emprega cerca de 379 mil pessoas. Mais do que gerar empregos, essa indústria multiplica valor e moderniza toda a cadeia produtiva. O plástico está presente em segmentos estratégicos como construção civil, alimentos e bebidas, setor automotivo e, sobretudo, na saúde. Existe uma correlação de quase 95% entre o desempenho da nossa indústria e o PIB brasileiro. Como costumo dizer: onde tem PIB, tem plástico”, reforça Roriz.
Ainda em 2025, a entidade promove a 15ª edição do Seminário Competitividade, em parceria com o SINDIPLAST e a Plásticos em Revista, e a 42ª edição do Encontro Nacional do Plástico, reunindo associados, autoridades e representantes setoriais para discutir o futuro da indústria e as diretrizes para 2026.
Depoimentos que marcam uma trajetória
Para Toshio Nakabayashi, CEO da Sansuy S.A. Indústria de Plásticos — empresa associada de longa data —, a atuação da ABIPLAST tem sido decisiva na consolidação da indústria nacional. “A Associação representa os interesses da classe transformadora de termoplásticos, atuando para atualizar, defender e agir em prol da melhoria contínua da indústria. O reconhecimento da importância e da relevância do nosso setor, assim como a colaboração ativa junto aos governos na definição de políticas industriais, são conquistas históricas”, destaca.
Toshio recorda que a Sansuy, por meio de seu fundador e então presidente Takeshi Honda, esteve presente em momentos importantes da história da ABIPLAST. Entre as contribuições, ele cita os debates sobre a incidência de impostos sobre produtos industrializados de termoplásticos, a definição dos pólos petroquímicos no Brasil e a construção do conceito de cadeia produtiva integrada.
O executivo também compartilha sua visão sobre o futuro do setor. “Esperamos a consolidação de uma política industrial sólida e de segurança jurídica, alinhada às reformas em curso, como a tributária, que deve ser implementada nos próximos anos. Essas medidas são essenciais para o fortalecimento da indústria de transformação no país”, conclui o CEO da Sansuy.
Ricardo Hajaj, diretor executivo da Cimflex Indústria e Comércio de Plásticos, reforça a importância da ABIPLAST, especialmente para o setor de reciclagem. Para ele, a entidade atua como uma voz representativa diante da sociedade civil, do governo e de outras organizações. “Temos a grande vantagem de estarmos apoiados numa associação forte, que nos dá respaldo para implementar políticas públicas, promover ações setoriais, buscar inovações em feiras e congressos, e participar de fóruns que discutem a gestão de resíduos e a economia circular”, afirma.
Em um setor historicamente fragmentado, Hajaj acredita que a união promovida pela ABIPLAST foi fundamental para garantir mais força e representatividade aos recicladores. “O mais importante foi construir essa figura de uma associação que defende e reúne os melhores recicladores do Brasil, com uma voz única e representativa”, completa.
Apesar dos avanços, ele alerta para os desafios atuais, sobretudo os econômicos, com destaque para a super oferta global de resinas virgens. “O setor tem sofrido muito, porque a reciclagem não consegue competir quando o preço é o único fator de decisão. Por isso, é urgente que o governo reconheça o papel dos recicladores e implemente políticas que criem demanda obrigatória por conteúdo reciclado. A economia circular não acontece só com catadores; ela depende dos recicladores que transformam resíduos em novos produtos. Sem viabilidade econômica e apoio regulatório, o ciclo não se sustenta”, conclui Ricardo.
Olhar para o futuro
A ABIPLAST seguirá sendo referência na construção de um ambiente de negócios mais competitivo, sustentável e inovador. Com foco em temas como a reforma tributária, descarbonização da indústria e digitalização dos processos produtivos, a Associação reafirma seu compromisso com o futuro das Indústrias de transformação e reciclagem de plásticos no Brasil.
Nosso agradecimento
Celebrar os 58 anos da ABIPLAST é reconhecer a importância de cada associado, parceiro e colaborador que ajudou a construir essa história. Juntos, seguimos transformando o setor com propósito, responsabilidade e visão de futuro.